quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O DESENHISTA E O GUERREIRO


Finalmente terminei o desenho! Não ficou perfeito, mas ficou melhor do que eu esperava!... Mereço um descanso e uma xícara de café!...

Como isso é possível?!... Eu me ausentei por alguns minutos apenas e, quando retorno, não encontro o desenho!... Eu não me lembro de tê-lo guardado!...

“É essa folha em branco que você está procurando?... Eu a encontrei no chão... Por que está me olhando desse jeito?!... Eu não pretendo feri-lo com a minha espada. Eu só gostaria que você me dissesse por que estou aqui. Eu sou capaz de lutar até a morte... É só você me dizer onde e quando será a batalha.”.

Eu já sei o que está acontecendo: eu fui dormir e estou sonhando!... Amanhã, quando eu acordar, a folha com o desenho estará exatamente onde a deixei...

“Onde está a sua espada?... Não me diga que não tem uma!... Esses desenhos, foi você quem fez?... São bonitos!... Não servem para nada, mas são bonitos!... Quem é a bela jovem?!...”.

Eu não sei... Vi a foto em uma revista e resolvi dedicar a ela um pouco do meu tempo. Eu uso o meu lápis com a mesma maestria que você maneja a sua espada. É uma pena que você não seja real!... Você é tudo o que eu gostaria de ser: belo, forte e destemido. Os seus olhos, embora se assemelhem a um mar revolto, trariam paz ao coração de uma mulher que estivesse buscando o amor verdadeiro.  Eu não desperto o interesse de ninguém, porque só travo batalhas com problemas que se assemelham àquelas criaturas mágicas que, quanto mais cabeças são cortadas, mais cabeças aparecem!... Neste momento, eu trocaria o sonho pela realidade!... Deixe-me ser você!... Eu não tenho medo de reduzir o meu mundo a uma folha de papel!... Eu desejo habitar aquela folha no seu lugar.

“Você sabe que está me propondo uma troca que não poderá ser realizada, porque cada um tem o seu destino, e ele é feito sob medida. Eu considero esta espada uma parte do meu corpo. Esse objeto que você usa para desenhar não tem valor nenhum para mim. Mas você não viveria sem ele. Embora nossas habilidades sejam diferentes, elas têm a mesma função: elas permitem a descoberta do nosso potencial. Seja um guerreiro sem espada e obtenha a vitória sobre as suas limitações e os seus medos.”.

Era como eu suspeitava: tudo não passou de um sonho!... Aqui estou eu: deitado na minha cama!... E o guerreiro que desenhei está lá: inerte naquela folha. Mas uma coisa é certa: ele sou eu, e a valentia que ele tem é a coragem que transmiti a ele no momento de desenhá-lo.




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