Era uma vez um duende
que vivia tranquilamente no interior de sua árvore, à beira da estrada. No
final dessa estrada, ficava a vila. Ocasionalmente, o duende se transportava à
vila, com sua magia, para observar como os humanos viviam.
Certo dia, após
retornar da vila, ele sentou em sua cadeira de balanço e começou a sonhar em
adquirir vários objetos que ele tinha visto na loja de departamentos. No dia
seguinte, ele abriu seu baú e retirou dele um saquinho com pepitas de ouro.
Havia muitos saquinhos iguais àquele, e o duende pensou que se gastasse apenas
um não haveria problemas. Na loja, os vendedores cercaram o duende de
gentilezas e só descansaram depois que ele gastou a última pepita. Embora a
árvore do duende fosse mágica, não havia lugar dentro dela para comportar todos
os móveis e utensílios que ele havia adquirido. Um dos entregadores da loja
sugeriu que ele comprasse uma casa grande, que estava disponível na vila. O duende aceitou a sugestão e passou a viver
confortavelmente no único bairro nobre que havia naquela região.
Dias, semanas, meses se
passaram, e o duende parecia satisfeito com sua nova vida. Mas os dias, as
semanas, os meses continuaram se passando, e o duende já não parecia mais tão
feliz quanto antes. Ele começou a sentir saudade de sua árvore, da cadeira de
balanço e de tudo o que havia dentro de seu antigo lar. Ele tinha deixado tudo
para trás, tudo menos o baú. Ainda havia saquinhos recheados de pepitas dentro
dele, porque o ouro era mágico e nunca se esgotava, mas o ouro, para ele,
deveria continuar sendo apenas algo que ele gostava de admirar. O duende
começou a compreender que, mesmo que ele gastasse sacos e sacos de pepitas,
nada que ele adquirisse lhe traria a felicidade de volta.
Felicidade!!!... O
duende sabia o que deveria fazer para reavê-la. Quando o seu amigo, aquele
entregador que sugeriu que ele morasse em uma casa grande na vila, foi visitá-lo,
o duende entregou a ele todos os seus bens, inclusive o carro que ele havia
comprado. Em troca, ele desejava apenas uma carona até a árvore, porque o baú
era pesado demais para ser transportado com sua magia.
O amigo do duende, além
da carona, ofertou a ele algo que o dinheiro não poderia comprar: uma amizade que ele cultivou durante toda a sua vida. É verdade: o amigo do duende já morreu, mas o
duende até hoje não troca o seu sonho de felicidade pelos seus sonhos de
consumo.