Era uma vez um homem humilde que sobrevivia recolhendo objetos que as pessoas não desejavam mais. Ele era muito educado e atencioso, e sabia como cativar as pessoas; e elas sempre se lembravam dele no momento de se desfazerem de seus pertences.
Ele era feliz?!...
Provavelmente não!... Mas, sem dúvida, era sábio... Ele costumava dizer que
toda infelicidade nasce da insatisfação!... E, segundo ele, até um rei poderia
se tornar infeliz se fosse ganancioso ou invejoso e começasse a comparar o
tamanho e a riqueza de seu reino com outros reinos maiores e mais prósperos do
que o dele.
Mas nem toda a
sabedoria daquele homem conseguia aliviar o peso que ele carregava
diariamente... Quando ele estava muito cansado e desanimado, ele costumava
pensar: “Eu até pareço um animal puxando este carrinho pesado!... Mas, se ele
estivesse vazio, eu também estaria reclamando, porque eu não teria o que
vender!... E, se eu tivesse um cavalo e uma carroça, também estaria reclamando
porque, além de sustentar a mim e a minha família, eu teria que comprar comida
para o cavalo!... Não há solução!... Eu não tenho esperança de mudar de
vida!... Como este carrinho pesa!... O mundo talvez pese menos do que ele!...”.
Em uma dessas ocasiões
em que o pobre homem perdia a esperança e começava a falar sozinho pelas ruas,
um garoto que o observava há algum tempo disse: “Se você me contratasse, eu
poderia ajudá-lo!...”. O homem exclamou: “Garoto doido!... De onde um pobre
diabo como eu tiraria dinheiro para contratar um empregado?!... Essa foi
boa!... Pelo menos me fez rir!... Vá brincar, garoto!...”.
E o homem ficou
prestando atenção no que o garoto disse: “Você não precisa pagar a minha ajuda
com dinheiro... Mas você promete que, se eu o ajudar, você me emprestará o seu
carrinho para eu vender os bichos de pano que o meu pai e a minha mãe fazem?!...”.
Para a alegria do
garoto, o homem respondeu: “Eu posso fazer melhor do que isso!... Sou muito bom
com a linha e a agulha!... Enquanto você sai para vender os bichos, eu posso
ajudar os seus pais a confeccionar mais e mais e mais bichos!... Talvez a bicharada
nos traga sorte e, em vez de recolher coisas velhas, eu possa ajudar você a
vender os bichos!...”.
O homem e o garoto
firmaram o acordo com um esperançoso aperto de mão. Os pais do garoto aceitaram
a ajuda, e os quatro prosperaram muito mais do que poderiam imaginar... Eles se
tornaram sócios na confecção e venda de bichinhos de pano. Com o tempo,
montaram uma lojinha de brinquedos... E o carrinho, que o homem utilizara
durante tanto tempo para transportar panelas e outros objetos velhos, perdeu a
utilidade. Ele pensou: “Jogar esse carrinho fora, não posso porque ele é quase
um parente... Mas posso dar a ele uma serventia melhor: Vou pintá-lo e enchê-lo
de flores para enfeitar a entrada da nossa loja!...”.
Atualmente, a loja
ainda existe, e o carrinho ainda está lá, alegrando os olhos de todos que o
contemplam.
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