O proprietário do circo, que ficava instalado no
centro de um grande terreno localizado ao lado da praça, orgulhava-se dos
glamorosos desfiles que ele organizava para o carnaval.
Apenas os animais permaneciam no circo nessa
data. O dono do circo, elegantemente vestido, caminhava na frente, acompanhado
dos artistas, dos funcionários e da banda, nada afinada, mas impecavelmente
uniformizada.
Os foliões se aglomeravam para assistir àquele
espetáculo que lhes era oferecido gratuitamente, em agradecimento à acolhida e
à audiência que o circo sempre recebera.
O desfile do circo já havia se tornado uma
tradição, e ninguém conseguiria imaginar o carnaval sem a beleza, a alegria e a
descontração que aquele grupo proporcionava. Mas houve um ano em que os
habitantes daquela cidade ficaram profundamente descontentes com a “brincadeira
de mau gosto” que presenciaram. O dono do circo havia se fantasiado de palhaço
e trazia um tubo de papelão ao redor de seu corpo, simbolizando uma lata de
lixo. Os artistas e funcionários também caminhavam como se estivessem dentro de
uma lata de lixo, usando fantasias que causaram nojo até mesmo nas crianças. Os
homens se vestiram de rato, e as mulheres de barata. A banda também não
parecia a mesma de outros carnavais: o maestro e os músicos dispensaram os
uniformes e vestiram-se com roupas velhas, sujas e rasgadas. As alegres
marchinhas de carnaval também foram substituídas por marchas fúnebres.
A indignação apoderou-se de várias pessoas,
gerando vaias e gritos de protesto. Na metade do trajeto, o dono do circo
interrompeu o desfile e fez um sinal para que todos ouvissem o que ele tinha a
dizer: “Cidadãos de Ruas Limpas, aposto que vocês sentem orgulho do nome de sua
cidade!... As ruas desta cidade, realmente, causariam inveja às cidades
vizinhas!... Infelizmente, eu e os funcionários do meu circo não podemos nos
orgulhar do espaço ao redor do nosso local de trabalho, porque é lá que vocês
depositam o seu lixo, e nós, atualmente, estamos sendo forçados a conviver com
ratos e baratas!... Se o espetáculo que presenciaram hoje ofendeu sua visão,
conscientizem-se da necessidade de não jogarem o seu lixo na propriedade dos
outros para que, no próximo ano, possamos lhes oferecer uma apresentação mais
agradável.”
Quando o dono do circo encerrou o seu discurso,
ele e sua equipe não se dirigiram à praça para se divertirem com os foliões. Em
vez disso, eles retornaram ao circo. No carnaval do ano seguinte e em todos os
carnavais depois daquele, os desfiles planejados para os habitantes de Ruas
Limpas voltaram a ser glamorosos e inesquecíveis.
Muito criativa!
ResponderExcluirObrigada, Mariangela, pelo carinho e por suas palavras de incentivo!...
ExcluirBeijos