segunda-feira, 5 de maio de 2014

O TRENZINHO AZUL DE ESMERINO



Esmerino passava, várias vezes por dia, na esquina onde havia a única loja de brinquedos da vila. Seus olhos quase se destacavam das órbitas, para irem brincar com aquele trenzinho azul, de madeira, que lhe roubava horas e horas de sono.

É verdade: a preocupação de que o trenzinho fosse vendido, antes que o seu pai tivesse o dinheiro para comprá-lo, fazia com que Esmerino demorasse a pegar no sono. O seu pai trabalhava no mercado e só receberia o salário no final do mês... E faltavam ainda três longas semanas!...

Esquecendo-se dos conselhos de seus amiguinhos para que ele se afastasse de Rodrigo, o garoto rico da região, Esmerino contou a ele sobre o seu receio de que alguém comprasse o trenzinho. Os dois conversaram em uma sexta-feira, e as lágrimas transbordaram dos olhos de Esmerino no domingo, quando ele verificou que o trenzinho não estava mais na vitrine.

Na segunda-feira, os seus colegas disseram: “Foi ele!!! Foi Rodrigo quem comprou o seu trenzinho. Ele não ajuda ninguém!... Ele só gosta de humilhar os outros!...”

Esmerino foi correndo até a loja e sentiu-se arrasado quando o vendedor confirmou que Rodrigo, o menino rico da vila, o havia comprado. O primeiro pensamento de Esmerino foi afastar-se de Rodrigo, mas isso ele não conseguiria fazer porque o sorriso e a espontaneidade de Rodrigo eram tão cativantes!... A palavra “falsidade” começou a ecoar na mente de Esmerino... Mas o seu coração era imenso, e ele preferiu perder apenas o trenzinho.

O final do mês chegou, e o pai de Esmerino, satisfeito, entregou-lhe o dinheiro para comprar o trenzinho. Esmerino, com receio de magoar o pai, não teve coragem de dizer que o seu melhor amigo o traíra e roubara o seu trenzinho. Esmerino escondeu-se atrás de uma árvore e, segurando o dinheiro em uma das mãos, secava as lágrimas com a outra e, quase morreu de susto, quando ouviu a voz de Rodrigo perguntar-lhe: “Você conseguiu o dinheiro?”

Segurando um pacote, cuidadosamente embrulhado, Rodrigo repetiu a pergunta antes de explicar: “O meu pai me proíbe de fazer caridade, portanto, eu não poderia comprar o trenzinho e dá-lo de presente a você. Mas eu também não poderia deixar que outro garoto o comprasse. Ele está aqui... Embrulhado com o papel da loja... Está exatamente como eu o comprei. Eu disse ao meu pai que era um empréstimo... Você tem ou não o dinheiro?!...”

Esmerino sorriu ao entregar o dinheiro a Rodrigo e receber o pacote. Após abraçar e agradecer ao amigo, ele correu para casa para mostrar a seu pai o trenzinho azul que ele havia comprado.






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