Era uma vez um homem
chamado João. Ele suspirava todas as noites, quando encostava a cabeça no
travesseiro pensando em sua desventura. Ele trabalhava, trabalhava muito, mas
não tinha dinheiro para se casar com Rosinha. O pai da moça, ao mesmo tempo em
que apressava o casamento, atirava-lhe no rosto que ele não tinha dinheiro para
se casar. Dinheiro!... Era sempre o abençoado dinheiro!... O último pensamento
que João teve antes de adormecer foi: “Se eu tivesse dinheiro, os meus problemas
certamente estariam solucionados!...”
João trabalhava em uma
oficina de costura. Ele sonhava em ser alfaiate, mas o seu salário jamais lhe
permitiria a extravagância de pagar um curso. Sem a qualificação necessária,
ele permanecia fazendo sempre o mesmo serviço: alinhavava barras e pregava
botões.
Certo dia, João pensou
que fosse estourar de tanta alegria!... Ele receava estar sonhando!... Seria
mesmo verdade que o pai de Rosinha havia consentido o casamento?!... Rosinha
olhava profundamente em seus olhos e dizia: “É verdade, João!... Eu não
brincaria com um assunto tão sério!... O meu pai disse que podemos ir à igreja
conversar com o padre.”
João casou-se com
Rosinha e foi morar na casa de seu sogro. Foi só após o casamento que João ficou
sabendo que o pai de Rosinha só consentira que eles se casassem, porque
esperava que ele o ajudasse a pagar as dívidas de jogo que o irmão de Rosinha
havia contraído. João tentou explicar que o seu salário mal daria para cobrir
suas próprias necessidades e as de sua esposa. A resposta que ele ouviu foi:
“Problema seu!... Vocês estão morando sob o meu teto e terão que pagar as
despesas e o aluguel. Não pensou que eu os deixaria morar de graça?!... Quanto
a Rosinha, ela terá que continuar lavando, passando e cozinhando para mim, para
a minha esposa e para o meu filho. Eu fui generoso em consentir o casamento,
agora cabe a vocês retribuírem com dinheiro e trabalho.”
João, naquele dia,
pensou que fosse desmaiar de exaustão!... Como ele conseguiria suportar o peso
que fora colocado sobre seus ombros?!... As palavras de seu sogro dançavam em
sua cabeça. Se não fosse o amor que ele sentia por Rosinha, ele deixaria tudo e
iria para bem longe. Com o passar do tempo, João conseguiu recobrar a
serenidade e passou a acreditar que sua vida poderia melhorar!... Se não
melhorasse, pior não poderia ficar!... Todas as noites, em vez de reclamar, ele
passou a orar para o seu Anjo de Guarda.
João não se sentia bem
na presença de seu sogro. Para evitá-lo, ele começou a passar mais horas na
oficina e ocupava o seu tempo trabalhando, porque o trabalho o ajudava a
esquecer-se de seu infortúnio. O dono da oficina começou a observá-lo e, certo
dia, comentou: “Estou admirado com a sua dedicação. Eu estive pensando em
promovê-lo. A única exigência é que você frequente um curso de alfaiataria.
Você ouviu o que eu disse, João?!... Está se sentindo bem?!...”
João parecia estar
caminhando sobre as nuvens!... A partir daquele dia, sua vida melhorou. O pai
de Rosinha ficou muito satisfeito, porque imaginou que não precisaria mais se
preocupar com as dívidas de jogo do filho e começou a planejar a compra de uma
casa para ele. João, por sua vez, negou-se a entregar-lhe as economias, porque
pretendia gastá-las com o bem-estar de Rosinha. Ele pensava em contratar uma
empregada para auxiliá-la no serviço de casa. O pai de Rosinha revoltou-se e
disse a João: “Ou você me entrega o dinheiro, ou vai embora da minha casa.”
João respondeu: “Rosinha e eu estamos de partida.”
Naquele mesmo dia em
que o sogro o expulsou de casa, João e Rosinha arrumaram as malas e se
hospedaram em uma pensão. Na manhã seguinte, quando João contou ao dono da
oficina o que havia acontecido, surpreendeu-se com a generosidade do patrão.
Eis o que o dono da oficina disse a João: “Estou pensando em viajar por alguns
meses e gostaria que, durante esse período, você e sua esposa tomassem conta da
minha casa e dos meus negócios.”
João passou a
administrar os bens de seu patrão, e a sua honestidade foi sempre muito bem
recompensada. Ele se tornava cada vez mais próspero. E, certo dia, ao se lembrar
de seu antigo modo de pensar, ele fez uma oração ao seu Anjo de Guarda e disse
em voz alta: “Houve uma época em que eu não tinha dinheiro e, ainda assim, os
meus problemas se resolveram. Eu não tinha dinheiro, mas tive fé. Eu acreditei
que a minha vida poderia melhorar, e foi o que aconteceu.”
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