Embora o perfume que as
flores da floresta exalavam inebriasse os moradores da vila, ninguém se atrevia
a entrar na floresta para colhê-las. As histórias sobre os perigos da
misteriosa floresta eram muitas, mas as que mais prendiam a atenção das
crianças eram aquelas que falavam sobre o estranho monstro que habitava o fundo
do lago.
Certo dia, um garoto
disse aos seus amigos: “Essas histórias sobre o monstro foram inventadas pelos
adultos, porque eles receavam que as crianças se perdessem na floresta, ou se
afogassem no lago. Nossos avós acreditaram nelas, e nossos pais também. Mas nós
somos mais espertos do que todos eles e não permitiremos que essas mentiras nos
impeçam de mergulhar naquela água fresquinha!... Estamos derretendo com este
calor!... O que estamos esperando?!...”
O garoto não precisou
repetir o convite. Ele e seus amigos soltaram gritos de alegria e correram em
direção à floresta. Eles já estavam se aproximando do lago quando algo terrível
aconteceu... Algumas árvores haviam soltado suas raízes do solo e começaram a
segui-los e a conversar com eles, como se fossem pessoas. Elas diziam: “Voltem,
voltem, meninos tolos!... Nosso mestre odeia visitas!...”
Eles se assustaram
tanto que não houve tempo de prestarem atenção à advertência. Eles só pensavam
em correr, para não serem capturados pelas árvores. E, logo, lá estavam eles à
margem do lago. Um deles comentou: “Agora é tarde para desistirmos. Eu também
estou com medo. Mas, se vocês quiserem, posso ser o primeiro a pular.” Ele não
esperou pela resposta e saltou na água.
Os amigos do garoto, no
entanto, não o acompanharam. Em vez disso, correram de volta para a vila. Com
receio de serem severamente punidos pela desobediência, eles não contaram aos
adultos o que havia acontecido.
Quando a noite chegou,
os pais do garoto, que mergulhara no lago, ainda estavam procurando por ele.
Nem por um momento, eles imaginaram que ele tivesse entrado na floresta. Na
manhã seguinte, eles presenciaram um acontecimento surpreendente na praça!...
Primeiro, as pessoas correram. Mas, depois, elas se aproximaram para ver a
estranha árvore que falava e gesticulava como se fosse gente!... Não demorou
muito para que eles descobrissem que aquela árvore era o seu filho. O pior de
tudo é que ninguém sabia como ele poderia voltar a ser um menino.
O garoto exclamou: “Eu
vi o monstro!... Ele tem um aspecto horrível!... Ele parece estar deitado há
muito tempo, sem poder se mexer!... A sua cama é um casco enorme de tartaruga,
e o seu corpo está preso a esse casco. Ele ordenou que eu o soltasse... Eu
tentei; mas, como sou muito pequeno, não consegui. Ele ficou zangado e disse
que eu teria o mesmo destino que os outros garotos curiosos que ousaram pular
no lago.”
O pai do garoto gritou:
“Precisamos libertar o monstro e obrigá-lo a desfazer o encanto!...” Todos os
presentes também começaram a gritar. O garoto, preso no tronco da árvore,
começou a sentir-se zonzo com toda aquela agitação. Ele tombou desmaiado!...
Quando o garoto
recuperou os sentidos, estava com o rosto e a camisa molhados. Ele ouvia os
amigos chamando o seu nome e sentia a água fria que eles, desesperados, não
paravam de jogar em seu rosto. Aos poucos, eles se acalmaram e explicaram ao
garoto o que havia acontecido: ele tropeçara e caíra sem sentidos no momento em
que eles estavam fugindo das árvores.
Confuso, o garoto
perguntou: “Onde estão elas?!...” Um deles respondeu: “Elas se afastaram quando
começamos a carregá-lo de volta para a vila. É melhor esquecermos o que vimos. Se
os nossos pais descobrirem que os desobedecemos, seremos certamente punidos.”
Todos juraram guardar
segredo e começaram a rir depois que o amigo contou-lhes o sonho que tivera
enquanto estava desacordado.
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