RECONSTRUINDO A
HISTÓRIA DE VERÔNICA
Eu, Caetano Augusto,
tenho pensado muito em Verônica... E fico imaginando como seria a história que
ela não conseguiu contar. Se alguém tivesse parado por alguns minutos
para ouvi-la, poderia ter evitado que ela imergisse naquela dimensão.
Verônica disse que se
lembrava apenas de uma pequena parte da história: havia uma jovem que vestia
uma camisola longa, feita de um tecido branco, espesso e macio.
Eu pedi a Verônica
que se concentrasse para ver se conseguia se lembrar de mais algum detalhe, e
ela disse que a jovem caminhava descalça pela floresta. Ela segurava uma vela
fixada em um castiçal improvisado. Ela parecia empenhada em uma busca, mas
Verônica não soube me dizer o que a jovem procurava.
Eu tentarei inserir
essa jovem em uma história. Quando a ideia surgir, começarei a escrevê-la.
Sisi Marques
NO AMOR E NA
ESPERANÇA, TAMBÉM HÁ MAGIA
Maria Luíza era uma
jovem que realizava diversos trabalhos nas casas vizinhas, para garantir sua
sobrevivência. Ela costumava ajudar na faxina, na costura, na cozinha, na
lavanderia... Mas não havia quem conseguisse convencê-la a cuidar de crianças.
Além de parecer não gostar de crianças, ela não permitia a aproximação de
nenhum rapaz. Os pretendentes entristecidos costumavam dizer que Maria Luíza
possuía uma rocha no lugar do coração. Embora ninguém conhecesse o seu passado,
todos acreditavam que poderiam adivinhar o seu futuro: ela se afogaria em um
mar de solidão...
Maria Luíza
descansava apenas no domingo. Nesse dia, ela simplesmente desaparecia; e, mesmo
que alguma emergência surgisse, ninguém conseguiria encontrá-la. Na verdade, o
afastamento daquela rotina já se iniciava no sábado, à noite. Ela vestia o
melhor traje que possuía: uma camisola branca e longa, confeccionada com um
tecido espesso e macio.
Maria Luíza, após
vestir-se, colocava uma vela no suporte improvisado e se embrenhava descalça na
floresta. Ela parava em toda a árvore que encontrava e se agachava, aproximando
a luz da vela de suas raízes. Desanimada levantava-se e, após amarrar uma fita
em um dos galhos da árvore examinada, caminhava em direção a outra árvore.
Quando amanhecia, ela interrompia a busca e seguia um atalho que a conduzia à
casa de uma mulher que, ao vê-la chegar, começava a reclamar: “Está atrasada
como sempre!... Ainda não desistiu de encontrá-los?!... Perde o seu tempo!...
Aproveite o domingo para descansar... Do contrário, não lhe sobrará energia
para enfrentar o trabalho que a espera durante a semana.”
Maria Luíza já havia
desistido de perguntar à bruxa por que ela havia reduzido seu marido e sua
filhinha de tamanho, e os escondera em uma casinha na base de uma das árvores.
Certo dia, ao ouvir uma conversa entre a bruxa e uma de suas amigas, ela
conseguiu descobrir o motivo. A bruxa havia formulado uma teoria e desejava que
Maria Luíza confirmasse a sua veracidade: “No mundo dos humanos, ninguém é
insubstituível.”
A princesa Maria
Luíza compreendeu que a bruxa Ernestina, ao separá-la do príncipe Agenor e de
sua filhinha Luíza Maria, e ao colocá-la em uma situação que ela teria que
trabalhar arduamente para sobreviver, esperava que ela procurasse o carinho e o
conforto perdidos em um novo lar. Mas o que Ernestina não sabia era que o
coração de Maria Luíza pertencia a Agenor e a Luíza Maria.
Com o passar dos
dias, das semanas e dos meses, o amor e a esperança de Maria Luíza, em vez de definharem,
se fortaleceram. E Ernestina, que desconhecia a magia que há no amor e na
esperança, ficou ensimesmada quando o seu feitiço se desfez e perdeu toda a
eficácia contra aquele casal de amantes e sua filhinha.
Sisi Marques
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