quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

NO AMOR E NA ESPERANÇA, TAMBÉM HÁ MAGIA


 
 
 
  
RECONSTRUINDO A HISTÓRIA DE VERÔNICA

Eu, Caetano Augusto, tenho pensado muito em Verônica... E fico imaginando como seria a história que ela não conseguiu contar. Se alguém tivesse parado por alguns minutos para ouvi-la, poderia ter evitado que ela imergisse naquela dimensão.

Verônica disse que se lembrava apenas de uma pequena parte da história: havia uma jovem que vestia uma camisola longa, feita de um tecido branco, espesso e macio.

Eu pedi a Verônica que se concentrasse para ver se conseguia se lembrar de mais algum detalhe, e ela disse que a jovem caminhava descalça pela floresta. Ela segurava uma vela fixada em um castiçal improvisado. Ela parecia empenhada em uma busca, mas Verônica não soube me dizer o que a jovem procurava.

Eu tentarei inserir essa jovem em uma história. Quando a ideia surgir, começarei a escrevê-la.

Sisi Marques

 

 
 
 
NO AMOR E NA ESPERANÇA, TAMBÉM HÁ MAGIA

Maria Luíza era uma jovem que realizava diversos trabalhos nas casas vizinhas, para garantir sua sobrevivência. Ela costumava ajudar na faxina, na costura, na cozinha, na lavanderia... Mas não havia quem conseguisse convencê-la a cuidar de crianças. Além de parecer não gostar de crianças, ela não permitia a aproximação de nenhum rapaz. Os pretendentes entristecidos costumavam dizer que Maria Luíza possuía uma rocha no lugar do coração. Embora ninguém conhecesse o seu passado, todos acreditavam que poderiam adivinhar o seu futuro: ela se afogaria em um mar de solidão...

Maria Luíza descansava apenas no domingo. Nesse dia, ela simplesmente desaparecia; e, mesmo que alguma emergência surgisse, ninguém conseguiria encontrá-la. Na verdade, o afastamento daquela rotina já se iniciava no sábado, à noite. Ela vestia o melhor traje que possuía: uma camisola branca e longa, confeccionada com um tecido espesso e macio.

Maria Luíza, após vestir-se, colocava uma vela no suporte improvisado e se embrenhava descalça na floresta. Ela parava em toda a árvore que encontrava e se agachava, aproximando a luz da vela de suas raízes. Desanimada levantava-se e, após amarrar uma fita em um dos galhos da árvore examinada, caminhava em direção a outra árvore. Quando amanhecia, ela interrompia a busca e seguia um atalho que a conduzia à casa de uma mulher que, ao vê-la chegar, começava a reclamar: “Está atrasada como sempre!... Ainda não desistiu de encontrá-los?!... Perde o seu tempo!... Aproveite o domingo para descansar... Do contrário, não lhe sobrará energia para enfrentar o trabalho que a espera durante a semana.”

Maria Luíza já havia desistido de perguntar à bruxa por que ela havia reduzido seu marido e sua filhinha de tamanho, e os escondera em uma casinha na base de uma das árvores. Certo dia, ao ouvir uma conversa entre a bruxa e uma de suas amigas, ela conseguiu descobrir o motivo. A bruxa havia formulado uma teoria e desejava que Maria Luíza confirmasse a sua veracidade: “No mundo dos humanos, ninguém é insubstituível.”

A princesa Maria Luíza compreendeu que a bruxa Ernestina, ao separá-la do príncipe Agenor e de sua filhinha Luíza Maria, e ao colocá-la em uma situação que ela teria que trabalhar arduamente para sobreviver, esperava que ela procurasse o carinho e o conforto perdidos em um novo lar. Mas o que Ernestina não sabia era que o coração de Maria Luíza pertencia a Agenor e a Luíza Maria.

Com o passar dos dias, das semanas e dos meses, o amor e a esperança de Maria Luíza, em vez de definharem, se fortaleceram. E Ernestina, que desconhecia a magia que há no amor e na esperança, ficou ensimesmada quando o seu feitiço se desfez e perdeu toda a eficácia contra aquele casal de amantes e sua filhinha.

Sisi Marques

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