Era uma vez um agricultor que reclamava de todas as sementes que
comprava. Quando ele entrava no único armazém que existia naquele vilarejo, o
dono do comércio dizia: “Perdeu a viagem, porque as sementes acabaram.”
Mas José farejava a mentira e não arredava o pé enquanto não
colocava o saco de sementes nas costas. Na semana seguinte, lá estava ele de
volta, reclamando que as sementes que levara estavam estragadas.
Cansado de ouvir as reclamações e, principalmente, de arcar com
o prejuízo, certo dia, o dono do armazém pediu ao seu empregado que seguisse
José para verificar por que, nas mãos dele, as sementes acabavam se tornando
impróprias ao cultivo.
A resposta não se fez esperar. O empregado ficou observando e
passou a noite toda acordado. Não havia nada de errado com o modo que José
plantava as sementes. O problema surgia no dia seguinte quando ele começava a
desenterrá-las para verificar se já haviam começado a germinar.
Você me dirá que o agricultor José nunca existiu. É verdade:
esta é uma história inventada. Apesar disso, há ocasiões em que eu me
identifico com ele. Nem sempre confio no tempo, nem sempre consigo esperar! Eu
planto a semente e, daqui a cinco minutos, a desenterro para verificar se houve
alguma modificação. O desassossego não é pressa, é falta de fé na ação do
tempo. O que eu quero, embora hoje tenha suas raízes na terra invisível das
possibilidades, futuramente será uma árvore frondosa, carregada de realizações.
Mas, se eu desistir antes por não saber esperar, as possibilidades serão
desprezadas e apodrecerão na terra improdutiva do fracasso.
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