Era uma vez dois reinos
povoados por gigantes. Mas apenas um deles prosperava, e a prosperidade do
reino vizinho causava inveja e desprazer naqueles grandalhões que só desejavam brigar para demonstrarem o quanto
eram valentes. Para eles, tudo era motivo de discórdia e intriga até que eles
decidiram se unir para tentar melhorar as condições de vida. No dia e horário
marcados para a tão adiada reunião, um dos gigantes levantou-se para dizer:
– Precisamos descobrir
por que o reino vizinho jamais enfrentou a fome e a falta de moradia. O nosso
rei todos conhecem. Mas nenhum de nós jamais viu o rei deles, porque ele se
esconde até mesmo de seus súditos. Eu ouvi dizer que apenas seus conselheiros
têm permissão para entrar em seus aposentos. Ele deve ser muito feio. Talvez
seja um monstro que receie atemorizar seu próprio povo. Precisamos
desmascará-lo.
E os gigantes
briguentos, liderados pelo gigante falastrão, ameaçaram entrar em guerra com o
reino vizinho caso o seu rei não fosse visitá-los.
Por não desejarem a
guerra e por saberem que os gigantes briguentos não hesitariam em cumprir a
ameaça, os gigantes amantes da paz conduziram o seu rei à presença dos
grandalhões que ficaram boquiabertos porque, ao contrário do que eles
imaginavam, o rei do reino vizinho não era um monstro, não era horripilante,
não causaria temor ao seu povo... Ele era apenas um homenzinho. Com voz solene,
um dos conselheiros reais revelou:
– O nosso rei ainda era
um bebezinho quando decidimos adotá-lo. Ele se tornou órfão devido a uma
invasão conduzida por vocês, gigantes sem coração, ao reino dos homenzinhos. O
estardalhaço que vocês causaram colocou todos para correr, e o pobrezinho
escondeu-se com receio de que vocês o capturassem. Os pais dele provavelmente
tiveram que desistir de procurá-lo porque precisavam salvar a si próprios ou ao
restante da família. A verdade é que ele é muito inteligente e tem um enorme
coração. Vocês desejavam saber o segredo de nossa prosperidade, e aqui está
ele: o nosso rei nos governa com inteligência, sabedoria e mansidão.
Agora eu lhe pergunto:
os gigantes briguentos acreditaram no que o conselheiro real disse?... Você já
deve ter imaginado a resposta: infelizmente, não. E por não darem crédito a
suas palavras, começaram a zombar dele, e a debochar de todos, fazendo ressoar
estridentes gargalhadas. Riram, riram, até que se cansaram, viraram as costas e
voltaram à corrosiva rotina.
Os gigantes amantes da
paz ao vê-los desinteressarem-se da razão de sua prosperidade, retornaram ao
seu reino e tudo fizeram para garantir que o seu rei tivesse uma vida longa,
para que eles pudessem se beneficiar de sua sabedoria.
Sisi Marques
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