sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O CUIDADOR DE PORCOS

O CUIDADOR DE PORCOS
Era uma vez um homem que odiava porcos. Por ironia do destino, ele era obrigado a cuidar deles, porque não havia alternativa. Perto de sua casa, só havia uma fazenda cuja dona adorava porcos e, consequentemente, estava determinada a dedicar-se apenas à criação de suínos. Todos que moravam nas proximidades trabalhavam na fazenda. Uns gostavam do serviço mais, outros menos. Jacinto não gostava nem um pouquinho daquelas criaturinhas rosadas e escorregadias. Ele vivia dizendo: “Eu odeio porcos!”
Jacinto sentiu-se ainda mais deprimido quando Dona Iracema, a proprietária da fazenda, pediu-lhe que levasse para casa três porquinhos recém-nascidos para brincar com seu filhinho mais novo. Isso já era demais!... Jacinto passou a noite toda em claro, pensando naquela humilhação. Lembrou-se de seu sonho... Era o sonho de uma vida inteira: tornar-se relojoeiro. Consertar relógios, até que ele os consertava muito bem. Mas como poderia abrir uma lojinha com o salário que ganhava, se mal conseguia pagar o sustento de sua família?
Ficou calado a manhã toda. Era domingo e, após a missa, só lhe restava observar o filhinho querido brincando com aquelas criaturinhas detestáveis. O sorriso de Juninho enchia seu coração de esperança, e ele até admitiu para si mesmo que, perto de seu filho, aqueles bichinhos não pareciam tão desagradáveis. Olhou-os, olhou-os melhor e tornou a olhá-los.
De repente, Jacinto teve uma ideia e chamou seu filho do meio. Jorge, curioso, aproximou-se do pai e ficou ainda mais intrigado quando ele lhe pediu que desenhasse um porquinho exatamente igual àqueles que Juninho acariciava. Jorge sabia desenhar muito bem e, embora estranhasse o pedido de seu pai, atendeu-o prontamente. Jacinto olhava para o desenho em suas mãos e sorria, sem que sua mulher e seus dois filhos conseguissem compreender o motivo de tanta satisfação.
Não demorou muito para que Jacinto perguntasse sobre Juvenal, seu terceiro filho. Juvenal estava serrando um pedaço de madeira para consertar a perna da mesa de jantar. Jorge, a pedido do pai, foi chamá-lo, e ele, largando o serviço a contragosto, foi ver o que o pai queria. Juvenal surpreendeu-se ao ouvi-lo pedir a Jorge que refizesse o desenho em uma folha de madeira, para que ele pudesse recortá-lo com o serrote.
Os dois obedeceram sem questionar. Enquanto isso, Jacinto entrou em casa para pegar um relógio e um vidro de cola. Assim que o trabalho dos filhos ficou pronto, ele colou o relógio no centro da figura de madeira e achou que tinha ficado uma beleza. Laurinda, sua esposa, disse que o enfeite ficaria ainda mais bonito depois de pintado e envernizado. Os dois filhos mais velhos concordaram e fizeram o acabamento. A família toda gostou da obra terminada e combinou de fazer mais peças iguais àquela.
Os reloginhos começaram a vender. Logo, outros animaizinhos foram acrescidos aos porquinhos de madeira e, em pouco tempo, a família construiu uma lojinha ao lado da casa, não só para vender relógios, mas também para efetuar consertos. Com muito trabalho e dedicação, o sonho de Jacinto tornou-se realidade, e ele pôde finalmente dizer adeus à fazenda de criação de porcos.
FIM

Sisi Marques

2 comentários:

  1. Obrigada pela visita.
    Você também tem lindos poemas aqui!
    Beijinhos e um ótimo fim de semana.

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  2. Nelma,
    Sou eu que agradeço a sua atenção e o seu carinho. Tenha a certeza de que eu continuarei visitando o seu Blog, porque ele é muito rico e inspirador. Beijos

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