Aquele parecia um ótimo
lugar para passar o final de semana!... Era um lugar paradisíaco: as casas
ficavam ilhadas, e os barcos eram o único meio de transporte. Eu adoro
pescar!... Imagine só como fiquei empolgado pensando naquele final de semana
que passaria sozinho naquela casa enorme, rústica e aconchegante!...
O dia finalmente chegou, e lá estava eu fazendo planos e mais planos: o contato com a natureza estava
garantido e era um convite ao relaxamento e ao descanso há tanto tempo
adiados!... Tempo!... Eu cheguei a desejar que o tempo congelasse para que eu
não precisasse nunca mais sair de lá e reassumir as obrigações.
Como estava perto do
horário do almoço, resolvi preparar uma refeição antes de confiar o meu
relaxamento à minha vara de pescar. Eu estava na cozinha quando comecei a ouvir sons estranhos e risadas na
pequena faixa de terra que circundava a casa. Larguei tudo e saí para verificar
quem estava invadindo o meu santuário e quase desmaiei no momento em que vi
três sereias ordenando aos golfinhos, peixes e cavalos-marinhos que
permanecessem na água.
Eu nem tive tempo de me
perguntar se aquilo era um sonho ou um pesadelo porque logo uma das sereias
aproximou-se de mim e disse: “Ouça muito bem o que vou lhe dizer porque nós,
sereias, não temos o hábito de repetir advertências: este lugar era nosso antes
de vocês, humanos, chegarem construindo suas casas, poluindo nossas águas e
matando nossos amiguinhos. E eu posso lhe garantir que este lugar continua
sendo nosso. Se quer descansar, descanse, mas mantenha-se longe da água.”
O olhar da sereia,
apesar de belo, era ameaçador. Eu não me animei a emitir nenhum comentário...
Voltei para dentro da casa, terminei de preparar a refeição e almocei,
repassando na minha mente a cena que presenciara e as palavras que ouvira.
Eu passei o final de
semana inteirinho longe da água. Não fiz nada do que planejara, exceto
descansar. Dormi profundamente e, em sonho, era convidado a participar da festa
e da alegria daqueles seres marinhos.
Eu só subi no barco
quando chegou o momento de partir... E ainda me lembro do olhar terno e
agradecido da sereia quando acenou para mim à distância. As pessoas não
acreditam quando conto esta história, mas deveriam acreditar e, principalmente,
deveriam manter distância daquele lugar. Eu fico imaginando o que teria
acontecido se eu tivesse ignorado a advertência da sereia.
Sisi Marques & Colaboradores: Cida Barreto, Eugenia D'Amorim, Rosangela Vanzilotta, Sonia Maria Camargo e Gilberto Gimarães Marques.
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