segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A CORUJINHA QUE NÃO SABIA LER



A CORUJINHA QUE NÃO SABIA LER



Desenho de Ketlyn Mayla

Era uma vez uma coruja... Ei, espere um momento... Corujas são inteligentes, não são? Sim, mas essa coruja não parecia muito esperta; pelos menos, não no início.

Juju era uma encantadora corujinha que não sabia ler. Isso era um problema, porque havia cartazes por todos os lados na floresta, e os animaizinhos consultavam Juju, para saber o que diziam aqueles cartazes, e ela mentia. Sim, ela mentia descaradamente. Bem, talvez não mentisse; apenas inventasse para não decepcionar os amigos. Afinal de contas, corujas são ou não são inteligentes?

Felizmente, ninguém se prejudicou com suas mentiras. E ela também, dependendo do lugar onde o cartaz havia sido colocado, tinha boa intuição para imaginar o que ele dizia. Mas e se um dia a sua intuição falhasse? E se um dia as suas mentiras levassem à perda de um animalzinho da floresta? Não, isso não poderia acontecer; porque, se acontecesse, ela jamais se perdoaria. Então, para evitar o pior, Juju resolveu aprender a ler. Mas como?... Assistindo às aulas da escola da cidade. Do lado de fora, é claro, mais precisamente, pousada no peitoril da janela. E as crianças, todos os dias, deliciavam-se ao ver a corujinha com os olhos colados nas explicações da lousa. Com o tempo, pararam de notá-la; mas Juju continuava ali, firme e interessada em aprender.

A corujinha provou ser muito inteligente. Fez mais do que aprender. Começou a lecionar e escreveu uma cartilha que apresentava primeiro as letras do alfabeto; depois, relacionava cada letra a um serzinho da floresta, para que todos pudessem memorizar as letras com mais facilidade.

Quando digo seres da floresta, naturalmente, também estão incluídos os elfos, os gnomos, os duendes, as fadas e por que não a curiosa bruxa? Todos quiseram aprender. E aprenderam. Depois de juntar as letras para formar as palavras, começaram a juntar as palavras para formar as frases. Mas a corujinha, ao perceber que os dizeres pareciam mortos, acrescentou na cartilha um capítulo todinho sobre pontuação. Foi aí que tudo ganhou vida e começou a fazer sentido.

Não demorou muito para que todos na floresta começassem a se sentir mais tranquilos e seguros, porque agora conseguiam ler os cartazes de avisos. E também, com o passar do tempo, sentiram-se até mais felizes, porque começaram a registrar, através da escrita, as ideias e histórias maravilhosas que lhes visitavam a imaginação.

E a corujinha Juju, além de se sentir aliviada por não precisar mais mentir, viu o seu esforço recompensado; mais do que isso, sentiu o coraçãozinho estremecer no peito ao receber um poema escrito, com todo o amor, pelo Dr. Corujão.

FIM


Sisi Marques

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