quarta-feira, 18 de junho de 2014

A PRINCESA, A VELHINHA E O TAPETE MÁGICO


Era uma vez uma princesa que passava horas e horas, na torre mais alta do castelo, imaginando histórias. O rei, preocupado com o estranho passatempo de sua filha, ordenou a um de seus conselheiros que fosse convencê-la a ocupar o tempo de outras formas.  O conselheiro sugeriu à jovem que lesse, bordasse, cavalgasse, fizesse qualquer outra coisa, menos inventar histórias. E a princesinha respondeu: “Eu não as invento!... Quando eu fico sozinha na torre, aparece uma velhinha. Ela traz enrolado, nas costas, um tapete velho e empoeirado... Quando ela joga o tapete no chão e se curva para desenrolá-lo, o ar fica repleto de um pó dourado que me obriga a fechar os olhos. Quando eu torno a abri-los, cada vez estou em um lugar diferente.”

O conselheiro, após conversar com a princesa, foi procurar o rei para dizer:  “Majestade, a princesa abriga, em seu coração, o hábito de mentir. Ela mente, ela mente deliberadamente!...” A revelação do conselheiro entristeceu o rei porque, naquele reino, mentir era proibido, e ele teria que enviar a princesinha para o interior da floresta.

Silmara, a princesinha, recontou sua história, chorou, implorou, mas ninguém se comoveu, porque todos acreditavam que ela estivesse querendo enganá-los para fugir à reclusão. E a pobrezinha foi abandonada em uma casa no meio da floresta, de onde jamais conseguiria retornar.

No meio da noite, cansada de tanto chorar e soluçar, Silmara adormeceu e, em seu sonho, ela se encontrou com a velhinha, que lhe disse: “Não se preocupe; vir para esta floresta fazia parte do seu destino. O castelo de seu pai será invadido e a coroa roubada. Quando você acordar, encontrará o tapete mágico ao lado de sua cama. Não se deixe conduzir pelo medo ou pela desesperança. Confie em seu coração para guiar a sua imaginação. No final de cada história que você criar, desenrole o tapete para que o pó mágico transforme em realidade tudo o que você tiver imaginado. Com a sua determinação e perseverança, cada história construirá uma parte da estrada que a levará, com toda a sua fantasia, ao castelo de seu pai.”

E Silmara fez exatamente o que a velhinha lhe dissera. As histórias foram formando carreiras, e os trechos da estrada começaram a aparecer, recobertos pela luz dourada que era fornecida pelo pó do tapete da velhinha. E essa estrada era povoada pelos seres mágicos que a imaginação de Silmara havia criado.

O mago, que havia invadido o reino do pai de Silmara, impregnou tudo com sua nefasta magia e sentiu-se ameaçado com a proximidade da luz. Mas é exatamente nesse ponto que algo esplêndido aconteceu: o mago, que sempre temeu a luz, inexplicavelmente, passou a desejá-la do fundo de seu coração. Coração!... Estagnaldo nunca havia prestado atenção às batidas de seu coração!... Ele resolveu esperar.

E a estrada, formada com as histórias de Silmara e o pó mágico do tapete da velhinha, se alongava dia após dia. Finalmente, a fantasia tocou a realidade, e o reino do pai de Silmara ficou livre da magia opressora de Estagnaldo. O próprio mago parecia ter se libertado de sua nefasta magia, porque ele sorriu quando os seus olhos contemplaram o cenário luminoso que atribuía graça à futura rainha.

Naquele momento, Estagnaldo pensou: “A princesa é belíssima e graciosa. Preciso mudar para que eu possa ser aceito por ela.” Silmara, que parecia ler o pensamento de Estagnaldo, sorriu, e o seu sorriso transformou o terrível mago em um príncipe apaixonado e sincero.



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