Próximo a um castelo abandonado,
havia um pântano. E, à noite, o monstro deixava o pântano para pernoitar no
castelo. Pelo menos, era isso o que dizia Nestor para os moradores da vila.
Segundo Nestor, o horripilante
monstro possuía uma família: ele tinha uma esposa e três filhos. Eles eram
carnívoros, e a caça daquela região estava desaparecendo devido ao apetite
voraz das horrendas criaturas. Nestor parecia mesmo disposto a reunir um grupo
de homens, para dar cabo do monstro durante a noite. Eles invadiriam o castelo
e atacariam o monstro que, por razões desconhecidas, costumava passar a noite,
sozinho, no castelo.
Nestor teria conseguido levar
adiante seu plano perverso, se um garotinho não tivesse descoberto toda a
trama. Certo dia, Carlinhos desobedeceu aos seus pais e afastou-se de casa. Ele
sempre teve curiosidade de saber como era o temível monstro do pântano, e
resolveu caçá-lo sozinho. A noite chegou e Carlinhos, apavorado e cansado de
procurar a estrada que o levaria de volta para casa, escondeu-se atrás de uma
árvore, quando viu um vulto enorme levantar-se e desprender-se da lama.
O vulto seguiu em direção ao
castelo, e Carlinhos revestiu-se de coragem e começou a segui-lo. A porta se
abriu, e o gigante entrou e sentou-se em uma poltrona coberta de lama. Ao lado
da poltrona, havia uma arca, e Carlinhos sentiu o corpo todo tremer quando
ouviu o gigante perguntar: “Você quer este tesouro, jovenzinho?!... Se quiser,
pode pegá-lo; agora ele é seu. Mas tome cuidado com Nestor... Foi ele quem
começou toda a farsa... Há alguns anos, nós éramos amigos e encontramos esta
arca no castelo. Como você mesmo teve a oportunidade de ver, ela contém um
tesouro preciosíssimo. Éramos gananciosos e não desejávamos dividi-lo com
ninguém. E foi aí que tudo começou: ele disse que, alto e forte como eu era, se
me vissem coberto de lama, os moradores da vila pensariam que eu era um
monstro. Eles se manteriam afastados, e o tesouro estaria seguro. No início, eu
achei a brincadeira divertida, mas logo a graça terminou porque Nestor nunca
mais voltou, e até hoje faz com que as pessoas acreditem que sou um monstro.”
Carlinhos aventurou-se a
perguntar: “Onde está sua família?!...” O homem de aspecto cansado, ainda
sentado na poltrona suja de lama, perguntou: “Você está vendo mais alguém
comigo?!...”
Carlinhos passou a noite no
castelo, na companhia de Laércio, seu novo amigo. Quando o dia clareou,
Carlinhos foi até a vila e encontrou uma multidão que já estava preparada para
sair em seu resgate. Todos ficaram muito felizes ao revê-lo e prestaram muita
atenção em sua história. Nestor, temendo ser desmascarado, fugiu sem deixar
rastros. E Laércio pôde, finalmente, voltar ao convívio humano e usufruir do
magnífico tesouro. Ele reformou o castelo, e convidou a família de Carlinhos
para morar em sua companhia.
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