Existe sempre um caminho a trilhar, e os dois irmãos, no
início, seguiam lado a lado, confiando que aquela estrada seria o melhor
caminho a seguir. Os dois sabiam onde queriam chegar, mas o caminho parecia tão
longo, e a estrada era tão empoeirada!... A chuva parecia ter se esquecido
daquele caminho que, a cada dia, em vez de encurtar, parecia ainda mais interminável!...
Os dois irmãos, Marcelo e Marciel, continuavam caminhando dia
após dia... E, certo dia, o sol estava muito quente, e uma sede imensa se apoderou
de Marcelo. Ele sentou em uma pedra e disse: “Eu preciso de água. Passe já a
garrafa.” E Marciel respondeu: “Você já esvaziou a sua; não pode exigir que eu
lhe passe a minha.” Os dois começaram a discutir, e Marcelo encerrou a
discussão quando disse: “Conheço um atalho. Você vive dizendo que atalhos
trazem má sorte e são traiçoeiros. Siga o seu pedaço de estrada que eu sigo o meu.”
Marcelo se surpreendeu quando ouviu Marciel dizer: “Está
certo. Siga em paz seu caminho que eu sigo o meu. Deixe a sua garrafa vazia e
leve a minha. Eu não estou com muita sede, e logo conseguirei enchê-la.”
Marcelo estava com tanta sede que apanhou a garrafa do irmão e partiu em outra
direção.
Marciel continuou trilhando o caminho que escolhera e nunca
mais ouviu falar do irmão. Ele chegou ao seu destino e ficou satisfeito com o que
viu: a prosperidade conseguia abraçar a todos.
Marcelo, por sua vez, perdeu-se naquele emaranhado de
atalhos. Procurando sempre o caminho mais curto, ele acabou errando a direção.
Começou a andar em círculos... E ficou muito contrariado quando percebeu que
havia retornado ao ponto de partida: lá estava a estrada todinha para ele
percorrê-la sozinho, triste, cansado e arrependido de tê-la abandonado.
Num gesto de impaciência, Marcelo cortou o ar com a mão.
Virou as costas e seguiu na direção oposta. Pensou: “Viver nesta região é
melhor do que ficar comendo o pó daquela estrada!...” Ele reencontrou os amigos
e, cercado por eles em uma mesa de bar, contou-lhes sua desventura.
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